🦠 Por que bactérias Gram-positivas e Gram-negativas respondem de maneira diferente aos antibióticos?
Se tem uma coisa que todo mundo que lida com antibióticos já percebeu, é que Gram-positivos e Gram-negativos têm padrões bem diferentes de resistência e sensibilidade. Mas por que isso acontece?
🔬 Gram-positivos vs. Gram-negativos: o que muda?
O método de Gram, criado por Hans Christian Gram lá nos anos 1880, diferencia as bactérias com base em como elas reagem à coloração. Isso está diretamente ligado à estrutura da parede celular:
Gram-positivos (roxos na coloração de Gram): têm uma parede celular espessa, cheia de peptidoglicano, mas não possuem uma membrana externa de lipopolissacarídeos (LPS). Isso facilita o acesso de antibióticos que atuam na parede celular, como penicilinas e vancomicina.
Gram-negativos (cor de rosa na coloração de Gram): além da parede de peptidoglicano, possuem uma membrana externa rica em LPS, que age como uma barreira contra antibióticos. Para os beta-lactâmicos e outros fármacos chegarem ao alvo, precisam atravessar essa membrana por porinas (proteínas em forma de canal).
💊 O impacto na ação dos antibióticos
Essa diferença estrutural influencia diretamente quais antibióticos são eficazes contra cada tipo de bactéria.
No caso dos Gram-positivos, como Staphylococcus e Streptococcus, antibióticos como penicilinas, cefalosporinas e glicopeptídeos conseguem atingir facilmente a parede celular.
Já nos Gram-negativos, como E. coli e Bacteroides, a membrana externa dificulta a passagem de algumas drogas. O exemplo clássico é a benzilpenicilina, que não atravessa as porinas, ao contrário da ampicilina, que tem melhor permeabilidade.
E não para por aí! Bactérias Gram-negativas ainda podem apresentar mecanismos extras de resistência, como:
✅ Modificação ou perda de porinas, impedindo a entrada do antibiótico.
✅ Bombas de efluxo, que jogam o antibiótico para fora da célula antes que ele faça efeito.
✅ Produção de β-lactamases, que quebram antibióticos beta-lactâmicos e os tornam ineficazes.
⚠️ Resistência é um jogo de estratégia bacteriana!
A estrutura da parede celular define quais antibióticos funcionam melhor contra cada grupo de bactérias, mas as adaptações genéticas das bactérias podem mudar completamente esse cenário. Entender esses mecanismos é essencial para prescrever antibióticos de forma racional e evitar resistência.
🔬 Troca Terapêutica de Plasma na Febre Amarela Grave: Uma Nova Abordagem?
A febre amarela (FA) continua sendo um desafio de saúde pública, especialmente nos casos graves que evoluem com falência hepática aguda (FHA) e alta mortalidade. Dados recentes mostram que o suporte intensivo convencional (SIC) muitas vezes não é suficiente para reverter a progressão da doença. Mas será que a troca terapêutica de plasma (TTP) pode mudar esse cenário?
O que este estudo avaliou?
Pesquisadores analisaram 66 pacientes internados durante o surto de FA em São Paulo (2018-2019), divididos em três grupos:
Grupo 1 (G1) – Tratamento convencional com suporte intensivo (SIC).
Grupo 2 (G2) – SIC + TTP de alto volume (TTP-AV).
Grupo 3 (G3) – SIC + TTP intensiva (duas sessões diárias).
O objetivo era entender se a TTP intensiva poderia reduzir a mortalidade e melhorar os desfechos clínicos e virológicos.
O que os resultados mostraram?
Os achados foram impressionantes:
A mortalidade no grupo TTP intensiva (G3) foi de apenas 14%, comparada a 82% no grupo TTP-AV (G2) e 85% no tratamento convencional (G1) (p < 0.001).
O grupo TTP intensiva teve maior clearance viral, com 91,7% dos pacientes apresentando RNA indetectável do vírus da FA até o quarto dia de tratamento (contra apenas 28,6% no grupo TTP-AV).
Redução mais eficaz nos níveis de amônia e melhora no fator V, indicadores fundamentais da função hepática.
Menos efeitos adversos: a hipocalcemia foi significativamente menor no G3 (10,3%) em comparação ao G2 (41,5%).
O que isso significa na prática?
A TTP intensiva mostrou um impacto significativo na redução da mortalidade e na eliminação viral em casos graves de FA. Se confirmada por estudos maiores, essa estratégia pode ser uma alternativa viável especialmente em cenários onde os tratamentos convencionais não dão conta da gravidade da doença.
O que vem pela frente?
Os autores recomendam novos estudos, preferencialmente ensaios clínicos randomizados, para validar esses achados e entender melhor os mecanismos envolvidos na recuperação hepática e na eliminação do vírus.
🦠 InfectoCast Opina
Se a TTP intensiva realmente mudar o jogo no manejo da FA, podemos estar diante de uma nova abordagem para reduzir as mortes nos surtos futuros. Vale ficar de olho nos próximos estudos!
Mpox em Ascensão: O Que os Novos Dados Revelam?
A Mpox (antiga varíola dos macacos) tem chamado cada vez mais atenção desde que a África CDC declarou, em agosto de 2024, um Estado de Emergência em Saúde Pública de Segurança Continental (PHECS). Logo depois, a OMS elevou o alerta para Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional (PHEIC). Mas o que esses números realmente significam?
O estudo e seus achados
Publicado no New England Journal of Medicine (2025), este estudo analisou dados de 45.652 casos e 1.492 mortes de mpox em 12 países africanos entre janeiro de 2022 e outubro de 2024. O que mais chamou atenção?
Aumento de casos: o número de casos triplicou entre janeiro de 2022 e agosto de 2024.
Epicentro na República Democrática do Congo (RDC): 88% dos casos africanos foram registrados no país, com 591 novas infecções por semana em 2024, quase o dobro de 2023.
Expansão geográfica: seis países reportaram seus primeiros casos importados em 2024.
Taxa de letalidade: a média foi de 3,3%, variando entre os países. Na RDC, ficou em 3,1%, mas com tendência de alta.
O que esses dados nos dizem?
A situação da mpox na África reforça que não estamos lidando com surtos isolados, mas com uma ameaça crescente à saúde global. Os pesquisadores alertam que medidas urgentes são necessárias para conter a escalada da doença, incluindo:
✅ Melhoria da detecção de casos e resposta epidemiológica.
✅ Vacinação de grupos de risco, principalmente menores de 40 anos.
✅ Fortalecimento da vigilância laboratorial para diagnóstico mais preciso.
🦠 InfectoCast Opina
Com a Mpox saindo de um contexto endêmico restrito e ganhando escala internacional, não dá para subestimar o risco de novas ondas de transmissão. O momento exige uma resposta coordenada, combinando diagnóstico rápido, vacinação e medidas de controle eficazes.
Desafio InfectoXpert
Vamos ver se você é um?
Paciente masculino, 64 anos, natural e residente em São Paulo-SP, previamente hígido e sem histórico de tabagismo. Há 6 meses, iniciou quadro de fadiga, mal-estar e dispneia, evoluindo com tosse seca, dor torácica e piora da dispneia. Recebeu tratamento para pneumonia bacteriana com Amoxicilina (7 dias) e Levofloxacino (5 dias), sem melhora.
📌 TC de tórax evidencia: ⬇️
No exame direto do escarro coletado foi visualizado as seguintes estruturas:
Qual o diagnóstico?
Na próxima News, a resposta!
📢 Neutropenia Febril: O Que o Novo Consenso Brasileiro Nos Diz?
Na última semana, discutimos no InfectoCast as principais atualizações do Consenso Brasileiro de Neutropenia Febril. A abordagem da condição, que é uma emergência infecciosa em pacientes imunossuprimidos, ganhou novos direcionamentos para diagnóstico e manejo.
📌 O que mudou?
✅ Critérios mais refinados para estratificação de risco.
✅ Atualizações sobre o uso de antimicrobianos na abordagem inicial.
✅ Estratégias de descalonamento e descontinuação do tratamento antimicrobiano.
Se você quer ficar por dentro das novas diretrizes e entender o impacto dessas mudanças na prática clínica, confira a live!
E se você deseja aprofundar seus conhecimentos, nossa Pós-Graduação em Infecções em Imunodeprimidos está com inscrições abertas!
Por que essa pós é para você?
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Garanta sua vaga e aprimore seu manejo de infecções em pacientes de alto risco!
Para finalizar, sabe qual a resposta?
Na próxima News a gente traz novidades sobre o tema!
Até lá!